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EGA 2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Muralha da China

Enquanto a China tem uma muralha que é um símbolo da nação e, ao mesmo tempo, uma fronteira física, Portugal tem uma muralha fictícia que não permite o desenvolvimento do golfe como uma modalidade desportiva.

A China está a sair de um sufoco da economia provocado pelo comunismo e a entrar num mundo cada vez mais ocidentalizado e economicamente orientado. A China é hoje uma verdadeira potência desportiva em praticamente todas as modalidades. Basta ver que no ténis a China não tinha uma jogadora no Top 100 em 2002 e hoje tem 4 jogadoras no Top 50. O basketball ganhou também uma projecção que poucos imaginavam possível há uma década atrás.

A China é hoje um país moderno com uma população à procura de novos estilos de vida, sendo o golfe uma área que está a ser alvo de investimentos de biliões de dólares para satisfazer esta procura.

Em 1984 a China inaugurou o seu primeiro campo de golfe, Chung Shan Hot Springs, da autoria de Arnold Palmer, e hoje tem mais de 400 campos de golfe.

O golfe neste país tem um crescimento na ordem dos 25 a 30% ao ano. Se Portugal conseguisse um crescimento desta natureza atingiria os 30.000 jogadores de golfe em 2011! Note-se que o crescimento registado na China refere-se apenas a jogadores de nacionalidade chinesa.

Depois do que testemunhámos nestes últimos Jogos Olímpicos não será difícil fazer futurologia ao dizer que dentro de 10 anos os circuitos mundiais, como o PGA Tour e o European Tour, estarão repletos de jogadores vindos desta parte da Ásia e que posteriormente terão jogadores no Top 10 mundial.

Por cá continuamos nesta lengalenga a que chamamos desporto. Além do grande orgulho que tivemos ao assistir à conquista das duas medalhas destes jogos, o ouro de Nelson Évora e a prata de Vanessa Fernandes, assistimos também a governantes e altos dirigentes desportivos a comportarem-se de forma pouco digna para o desporto em particular e o país em geral, onde a desculpa e o olhar para o lado foram a estratégia escolhida para justificar o desaire da nossa participação.

As declarações de Vanessa Fernandes tocaram na ferida de muita gente e por isso mesmo foi atacada por tudo e todos, mas a verdade é que a Alta Competição não é para todos. Este regime é para os que trabalham, para os que se dedicam e para os que se sacrificam para obter resultados de excelência. A Alta Competição não é turismo e camaradagem.

No fim, vimos que um país que saiu de uma política comunista e sufocante para a economia há poucas décadas é agora um país de referência desportiva e económica mundial… Embora todos saibamos que nem tudo são rosas!

A nossa muralha, essa é menos espectacular e simbólica. É a continuação da aposta no desporto de forma desordenada e totalmente orientada para uma única modalidade. Como será possível atingir os resultados que desejamos?

Miguel Franco de Sousa In "Oje" de 4 de Setembro de 2008

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